quarta-feira, 29 de setembro de 2010

ausência

Ausência, óleo e mista sobre cartão, Sérgio Nunes











Fazes-me falta!
Ainda que não estejas
preciso saber que és
Ainda que não me abraces
preciso saber que estás
Ainda que não me beijes
preciso saber
que te posso ter
.

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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

natália

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Porque ando pouco inspirada, sem tempo,
quase stressada, deixo um poema da nossa
grande poetisa Natália Correia,
Data de 1982  e decorre de uma discussão
sobre o aborto na Assembleia da Républica,
onde  o parlamentar João Morgado afirmou
ser o acto sexual só justificável tendo por
objectivo  a  procriação.  Em   resposta,
Natália Correia, então deputada, escreveu 
e  distribuiu  no  hemiciclo  o  poema que
abaixo se  transcreve,  tendo feito rir todas 
as bancadas  e  levado  à  interrupção  dos
trabalhos  parlamentares.











Já que o coito diz Morgado
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca truca,
Sendo só pai de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou parca ração!
uma vez.
E se a função faz o órgão
diz o ditado
consumado essa excepção,
ficou capado o Morgado.

( Natália Correia - 3 de Abril de 1982 )

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sexta-feira, 17 de setembro de 2010

cântico negro

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

gota de água

Imagem do google 









Eu, quando choro,
não choro eu.
Chora aquilo que nos homens
em todo o tempo sofreu.
As lágrimas são as minhas
mas o choro não é meu


Poema de António Gedeão, uma das minhas referências poéticas

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terça-feira, 7 de setembro de 2010

tu

"apanhando sonhos"- ilustração de Pedro Lucena










Admiro em ti o mito
És o espaço onde os sonhos
Acabam em dia
Não és tu nem ninguém
És apenas aquele que criei
De tanto crer que existia



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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

memórias

os olhos da Carlota









Na transparência do teus olhos
Fixos em mim
Vejo toda a tua vida
A minha
A nossa
Memórias ocultas
De um passado distante
Rompendo a névoa
Que te envolve no presente
Seguras minha mão
Como sempre fizeste
Segredas palavras
Perdidas no tempo
Olhas fixamente
Para além de mim

Vejo na transparência dos teus olhos
Toda a minha vida

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