sábado, 31 de julho de 2010

é tarde

ilustração de Quentin Baillieux






É tarde para que esqueça
Não gastes as energias
Em pedidos de perdão

Não vale a pena chorar
Sobre leite derramado
Podes estar descansado
Vou dispensar o sermão

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segunda-feira, 19 de julho de 2010

tempo

do google








Queria estar acordada
Hoje de véspera e no dia
Em que as manhãs e as tardes
Se juntam formando o tempo
Tempo que passa ficando
Parado porque vivido
Como se todo o momento
Entre as manhãs e as tardes
Pudesse ser agarrado
E num instante contido

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quinta-feira, 8 de julho de 2010

construção

Maurits Cornelis Escher










(Por inépcia, ao alterar a imagem desta postagem, apaguei alguns comentários.
 Peço desculpa pelo desaparecimento repentino e agradeço a todos os apagados.)

A construção está a meio
A meio de terminar
A meio da avenida
A meio da hipoteca
E não é que com a breca
No meio da construção
Mesmo a atrair os olhares
Está uma placa colorida
Dizendo "Vende-se andares"

A construção está meio
Completamente direita
Toda a estrutura está feita
E quem para ela olhar
Vê uma rede infinita
De quadrados sucessivos
Que se elevam incompletos
O que para uns é chão
Para outros serão tectos

A construção está a meio
Mas um pouco mais ao lado
Existe um andar modelo
Que garante a quem for vê-lo
A visão antecipada
Da construção acabada

E à custa do muito querer
E à força de tanto olhar
Começa-se a construir
A esperança de quem não tem
Qualquer sítio onde morar

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sexta-feira, 2 de julho de 2010

ao contrário

do google







No preciso instante
Em que a luz se acende
Veio-me à cabeça
Uma ideia louca:
Se o mundo estivesse
Virado ao contrário
O andar nas nuvens
Em vez de ser estranho
Era necessário


Então nós podíamos
Correr abraçados
Com jactos de chuva
Molhando-nos os pés
Ninguém se importava
Porque a nossa rua
Cheiinha de ideias
Era larga estrada
Coberta de mar
Envolta de espigas
Em campos de estrelas

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